domingo, 28 de abril de 2013

Aberta comercialização de votos novamente quem se habilita?



Ponto de Vista

Manchete de jornal diz que deputado Arruda e senador  Requião  destinaram R$ 1.000.000,00  para o município.

Muito bom! A cada 4  anos eles  se juntam e mandam uma grana dessas?   
R$ 500.000,00 a cada  4 anos dá   R$ 125.000,00.

E ainda tem a  cara de pau  de dizer  que R$ 1.000.000,00  é para  Saúde, Educação e Esportes.

Somente  para funcionar  a  UPA   (Unidade de Pronto  Atendimento ) são necessários  R$ 250.000,00  por mês e esses  ilustres  vem com  R$ 125.000,00  por ano. 

Isto é um achincalhe  com a  população, essa   tentativa velada de comprar  votos com menos de R$ 11,00  cada.   

Um modelinho antigo e cretino de comprar votos....isto só acontece em períodos que antecedem campanhas eleitorais e o pior é que o povo segue isso como gado na carroceria de caminhão em direção ao matadouro.
R$1.000.000,00 dividido por 45.0000 habitantes da R$ 22,00 por cabeça.  

Simplesmente ridículo. Uma miséria paga por um voto. Bem mais em conta do que distribuir dentaduras, bengalas, cadeiras de rodas, cargas de areia, de pedra brita, terra e cobertores corta febre. Bem menos que as cestas básicas.

Daqui a pouco vem outro e mais outros e mais outro com essa mania de comprar votos e satisfazer o ego de algumas pessoas.

Precisamos sim de verbas para resolver todos os gargalos que não permitem o desenvolvimento, precisamos de escolas técnicas, cursos profissionalizantes, melhorar a distribuição de rendas,  necessitamos  da UPA    funcionando  ainda este   ano.  Seria  possível isto já que eles  estão   chegando para fazer promessas  mentirosas?

Precisamos de novas instalações para o SAMU   para retirá-lo daquele local inadequado,  insalubre com  esgotos que entopem  a cada  dias  e  ainda sob o risco de enchentes,  só que isso  demanda em torno de R$120.000,00  para construção de um  prédio novo  em padrões dignos de instalar   um  serviço essencial como o SAMU.

Que  tal o deputado  Arruda  e  o senador  Requião  proverem  isto?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O desenvolvimento socioeconômico ou a manutenção da miséria




Ao pensar sobre o que escrever lembramos-nos dos anos 60 e muitas aberrações  que figuraram  no plano político como  programas de ajudas eivados de segundas intenções  e do famoso  rabo preso, por conta  disso  deixo aqui um desafio para aqueles  que se dizem   conhecedores  e que lutam para defender os interesses  da população.

Quantos desses  defensores  pensam  no próprio umbigo, na própria conta   bancária,  na renda familiar?
Voltemos aos anos 60  para fazermos uma analise e  comparar  com o quadro atual de reprodução da miséria e da ignorância.  Preocupado com a possibilidade de avanço da extinta URSS  União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, surgida em de 1922.

Para  tentar conter  o avanço soviético  e ainda  frear  a  revolução cubana os EE UU governado  por John Kennedy e estender bases  militares por todo o mundo,  esta  é a ideia de manutenção do poder sufocar lideranças,   criaram  um  programa de ajuda  aos chamados países em desenvolvimento  o tal  “ Aliança para o Progresso”,  embutido  dentro do Plano Marshall.   Na  realidade eles  queriam   colocar seus marines  onde fosse possível  como  citado por Eduardo Galeano em As  veias  abertas da America Latina  que diz:   “Dentes  de sabre   sobre a  América”.

O programa “Aliança para o Progresso”, disfarçado de ajuda  trazia embutido apoio a programas educacionais,   assistência no  trabalho de controle da natalidade, apoio às medidas destinadas a elevar a produtividade rural. Como todos  os programas  desse  tipo    foi  mais um  que não alcançou   resultados práticos  com  relação a  emancipação das populações, mas  simplesmente  comprometeu mais. 

Este  plano carregado de paternalismo e populismo  trazia  também a necessidade de se cadastrar populações  carentes (favelas) que depois  receberiam  cobertores, leite, em pó, queijo e óleo  comestível tudo estes  alimentos em embalagens  de 18  litros ou  quilos.  O povo favelado  ficava a  espera  que alguém passasse em frente aos  suas  moradias  para  receber  a  tal ajuda.  Isto  quer dizer  que não houve emancipação  desta  população  mas que simplesmente se agravou  este  quadro de miséria.

Dia  desses ao conversar  com o  prefeito ele perguntou  se comparado com  outro  município  da região quantos  anos  temos de atraso  ao que respondi que no mínimo 50 anos  e ainda pior  que nos anos  60   não  existia  favelas  por  se tratar de economia extrativista madeireira famílias  inteiras moravam  em pátios  de antigas serrarias no  interior  e  lá  tinha uma  capela, uma  escolinha, um  salão de festas, um  pequeno armazém e o patrão  fornecia moradias.

Com a queda da atividade extrativista esse  pessoal todo  foi deslocado  para  as periferias das  cidades e  passaram a  viver  em favelas, prato  cheio  para maus  intencionados compradores de votos com um pacote  de comida. Iniciou-se então  o êxodo rural.

Vejamos agora em que avançamos  com relação  ao programa  Aliança para o Progresso:
Apoio a programas educacionais, assistência no trabalho de controle  da natalidade, apoio às medidas destinadas a elevar a produtividade rural”.

A  começar pela educação este  quadro só  vai melhorar quando  os profissionais  de educação forem  valorizados e as  escolas  não  forem  usadas  como  depósitos de crianças. De nada adianta uma construção suntuosa com profissionais mal remunerados, cheias de erros no projeto e falhas em sistemas  elétricos e sanitários.

Quanto ao controle da natalidade deixo aqui  um  questionamento  para  nossas a autoridades. Qual é  o IN  índice de natalidade? IM   índice de mortalidade? E o CNV  crescimento  natural ou vegetativo da população.

Poderíamos criar também outro índice para ver  quantas  garotas  menores de 14 anos   deram a luz este  ano ou no ano de 2012.  Então este quadro mostraria  que trabalho de controle de da natalidade não   existe.  Para muitos  é interessante que a reprodução da miséria e ignorância continue   a passos largos em direção ao abismo.

E  agora  vamos ao  setor rural  que de  há  muito sofre  por falta de estradas,  de preços básico de custeio, com problemas  climáticos, quebra de safras.   A  quanto  tempo vemos  isso? 

Qual é o IDH (Índice  de Desenvolvimento Humano) atual  do Paraná, dos nossos municípios em casos particulares de municípios que não  crescem, não tem orçamento necessário para cumprir programas  de  desenvolvimento,   mas foram  criados  para  satisfazer o ego no plano político   ou serem  transformados em cabidão de empregos.

A região sudoeste   nos anos 90  "tinha"   quatro municípios  mergulhados nos bolsões de miséria (...) onde mais de 15% da população sobrevivia com até um  salário  mínimo.

Quantos são os municípios que crianças são obrigadas a andar quilômetros para   chegar  até um local onde passe  um veículo que as transportem para a  escola?  Quantas  crianças deixam  de ir para a  aula por que  em dias  de chuvas  e  frio  não tem sequer um abrigo no ponto  para esperar a  condução?

A população de modo geral precisa de emancipação, ou seja, deixarmos de lado o paternalismo escravizador e alienador, doador de cestas  básicas, dentaduras, bengalas  e ensinar a  pescar  e de quebra  criar   condições ou tempo favorável  para pescaria  por que hoje o mar não está para peixe.  
Não  temos empresas  que absorvam   a mão de obra disponível por que não  tem qualificação, sem melhorar a  renda das famílias não existe menor possibilidade de crescimento  da  economia. Não existe desenvolvimento social e econômico quando parcela da população sobrevive na miséria.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

I SEMINARIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONOMICO DE PALMAS



Prof. Dr. Luiz Manoel da Silva  (proferiu palestra  sobre Gestão do Plano Estratégico Municipal)

No relatório de temas abordados que foi encaminhado ao Executivo e Legislativo constam questões discutidas no seminário e elencadas originadas das palestras e  quando dos trabalhos de grupos onde foram  definidas  prioridades para que possam ser elaborar  estudos e projetos.

Essas   questões inicialmente  passam  pela  criação do Conselho de Desenvolvimento Socioeconômico de Palmas, a  reativação dos conselhos já  existentes  e que por  motivos  desconhecidos podem estar  paralisados  como  os  Conselhos de Turismo, Meio Ambiente e Esportes.  Todos  estes   conselhos precisam  necessariamente estar em funcionando   para  apoiar os trabalhos de cada  setor  inclusive  na desvinculação  de  outros  setores para que possam  ter certa autonomia  para a elaboração de  seus projetos  e  conseguir   financiamentos  próprios para  cada  caso.

 Cada diretor de divisão é sabedor da necessidade  de estarem  desvinculados e outros setores por que existem  verbas  próprias em secretarias  de estado e no  plano  federal que são liberadas diretamente  para Meio Ambiente,  Esportes e  Turismo   e  não  pode  haver  outros  setores intermediários.

Outros  problemas dizem respeito  também a legislação já existente  não revogada referente  ao Conselho de Turismo bem como o Fundo Municipal de Turismo,  respectivamente as Leis 1464  e 1465 de 2002.

Por outro  lado nos trabalhos de grupos ressaltou-se a necessidade de fomentar a implantação de novas empresas de indústria, comércio, turismo  e serviços  através da  qualificação de mão de obra,  apoio e orientação para a criação de empresas desenvolver mentalidade empreendedora junto aos  jovens.
Neste aspecto consideramos fundamental o apoio as empresas já existentes com programas  de treinamento e de fomento.   Desta forma poderíamos ter um  levantamento  de alternativas de investimento e exploração dos  vazios  econômicos.

Para a possibilidade de atração de investimentos é urgente a instalação de  uma nova área industrial  em local adequado, respeitando-se  a legislação  ambiental e  que  atenda as necessidades do empreendedor e do município  e que esta  área  tenha toda a infraestrutura necessária.

Quanto a área  de saúde é preciso buscar as negociações  para  a  efetivação do  Polo Regional de Saúde e  parcerias  com municípios vizinhos  bem como a Instalação da UPA, ( Unidade de Pronto Atendimento)  sendo que para a manutenção o município receberá verba do governo federal.

Um questão de fundamental importância que precisa de solução urgente diz  respeito ao SAMU  que foi alocado em local   insalubre, onde houve uma reforma superficial de um prédio velho que já havia sido abandonado  e  que  todas  as semanas  tem problemas  de trancamento de esgotos sendo necessária uma  readequação ou mudança de local. Para isso  sugerimos ao  executivo que negocie com o proprietário da terreno  uma troca do   espaço em que esta a  Base SAMU  na  beira  do riacho por outro terreno 50 m  afastado sendo   ali já existe um  coletor a rede de esgotos, além do que  o SAMU  não   correria  mais o risco de   sofrer com alagamentos.
Não bastasse o SAMU  estar ao lado  do riacho   o mesmo está   comprometido  pelo lançamento de esgotos  domésticos  e de estábulos e chiqueiros desde  sua cabeceira.  A foto acima mostra onde obter recursos para despoluição.

Sendo a atividade turística perfeitamente capaz de gerar emprego e renda  precisamos implantar política de desenvolvimento do setor turístico, com uma divulgação  do  potencial a  nível local, regional, estadual, nacional  e ainda, estabelecer parcerias entre os setores  para criar  calendários de eventos, bem como  preparar mão de obra  para o setor  turístico.

De  fundamental importância a valorização do comércio com trabalho de marketing  para atrair os consumidores.

Quanto a política ambiental voltada a conscientização e educação, bem como  preservação ocupação adequada dos  espaços e recuperação dos fundos de vales e a despoluição dos rios. Para um programa de salvação dos rios o governo estadual e o federal tem verbas contingenciadas  ou alocadas   como  queiram os interessados  sendo  que no estado existe um   setor  responsável por esses  projetos e financiamentos, o Instituto das Águas.  Em  última  instância o poder  público municipal  poderia  estabelecer uma  parceria com a SANEPAR, visto que na fatura  da água constam  dois  tributos, esgoto e lixo.


O administrador público pode perfeitamente buscar apoio  em diversas secretarias  como o exemplo  acima


quarta-feira, 17 de abril de 2013

No dia 7 de setembro comemora-se a Independência do Brasil. Independência do que?

Ao postar  este  artigo peço licença ou  autorização do amigo autor  por que um  texto repleto  de verdades não  pode   ficar  sem o compartilhamento  nas  redes sociais.

Temos  também que  políticos de modo geral precisam para se manter no poder de um povo ignorante, analfabeto pois é mais fácil colocar o cabresto e conduzi-los ao curral.

No Brasil  existem a cultura de duas grandes mentiras. No dia 7 de  setembro comemora-se a Independência do Brasil. Independência do  que?  Como? De quem?

Quando Portugal foi invadido pelas tropas napoleônicas por ter rompido o Bloqueio Continental, o príncipe D. João e a nobreza fugiram para o Brasil, protegido pelos ingleses. Assim que chegou, ele decretou a abertura dos portos (1808) liberando o comércio da colônia com outras nações (com isso, o pacto colonial tinha acabado) e assim iniciava-se o processo de independência brasileira. Com a Revolução do Porto (1820), a burguesia portuguesa chegou ao poder, exigiu a volta de D. João VI e a recolonização do Brasil (anulando as medidas de D. João VI que estimularam o desenvolvimento do Brasil). As elites coloniais ligadas ao Partido brasileiro se aproximaram do príncipe regente D. Pedro para convencê-lo a assumir o papel de "líder" da Independência, essa era a maneira da elite evitar uma independência feita através da revolta popular e democrática que prejudicasse seus interesses. O governo português ordenou a D. Pedro que voltasse à Portugal, mas, ele declarou que não voltaria (Dia do Fico) e proclamou a independência (07 de setembro de 1822).

Com os portugueses  dando as  cartas  por aqui  logo se instalou  o   sistema de Capitanias Hereditárias, onde o donatário  pegava  os bens da capitania e repartia  com  seus  amigos e parentes.   A  exemplo  disso  vamos  refletir  sobre os  governos  estaduais, onde os  cargos  de maiores  subvenções  são  doados a familiares permitindo legalmente um ataque aos cofres  da viúva e  uma  bela  renda  familiar. Não  menos   diferentes  ocorre em todos os municípios  onde os amigos mais chegados  são  contemplados  mesmo que para isso tenha  que se buscar o jeitinho brasileiro  para manter os parentes  na máquina administrativa. Isto  já  é tratado  como  subcapitania.

Outro  aspecto que devemos fazer uma  reflexão está no  contexto da Lei Áurea de 13 de maio de 1822 quando a princesa Isabel  assinou a lei que aboliu a escravidão no Brasil. "Áurea" quer dizer "de ouro" e a expressão refere-se ao caráter glorioso da lei que pôs fim a essa forma desumana de exploração do trabalho. Em território brasileiro, a escravidão vigorou por cerca de três séculos, do início da colonização à assinatura da lei Áurea. Apesar disso, ainda hoje, tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, ainda hoje é possível vermos operações do MPT e Policia Federal há para combtaer o trabalho  escravo. 
A sanção ou aprovação da lei foi, principalmente, o resultado da campanha abolicionista que se desenvolvia no Brasil desde a década de 1870, mas não se pode negar o empenho pessoal da princesa Isabel, então regente do Império do Brasil, para sua aprovação. Primeira senadora brasileira e primeira mulher a assumir uma chefia de Estado no continente americano, a princesa Isabel se revelou uma política liberal nas três vezes que exerceu a Regência do país.

Nas últimas  eleições vimos e  ouvimos absurdos  nesta  corrida pela  tomada  do poder e em consequência se apoderar   do caixa da viúva. 

É  um tal de compra de votos  com   cadeiras de roda,  bengalas, dentaduras,  cargas de terra, cargas de pedra brita, de areia, cestas  básicas.

O eleitor  que assim  pensa e comercializa seu  voto não pode  em hipótese alguma  no futuro   cobrar desempenho ou  reclamar  que  vereadores,  deputados, senadores, prefeitos,  governadores  não fazem nada, por que partindo  do principio que compraram  cada voto não devem  mais nada para a comunidade.    

"Não venham me dizer que o povo não sabe votar, porque sabe. Sabe tão bem que elege sempre quem não deveria. Se não soubesse votar, dentre os erros haveria acertos como quem faz uma prova marcando questões aleatoriamente. Sabe tudo de eleição, quem compra voto, o valor do voto, sabe todos os tramites ilegais. Sabe guardar segredo, pois não denuncia o candidato que compra voto, sabe fingir, segura a bandeira de um e vende o voto a outro, sabe até tirar proveito da situação, vende o voto pra dois ou mais candidatos.O povo sabe tudo de eleição, afinal são tantas experiências. Os candidatos sabem do que o povo sabe, dá exatamente o que o povo quer, diz o que o povo quer ouvir, mesmo que ambos saibam que é mentira.Ironicamente o povo fala mal dos políticos, isso geralmente ocorre entre uma eleição e outra, pois quando chega o período eleição, político fica amigo do povo, defensor do povo e o povo que em sua grande maioria fala mal dos políticos, diz não querer saber de política, abraça os candidatos, idolatra, não importando o que tenham feito, pois em época de eleição, todo político é perdoado.E o mesmo povo que diz não gostar de política, que critica os políticos, que dizem não saber votar, transforma o processo eleitoral numa disputa, num jogo cruel, com dois ou mais times, onde as paixões se afloram, e gritam, e fazem carreatas e passeatas, brigam, até chegar o dia da eleição e tem a certeza do que vai fazer na urna, ainda há os que saem dizendo perdi meu valor.Pois é, nesse jogo, nenhum jogador perde, pois a bola é o povo, a trave a urna. Aí no dia seguinte à eleição, ao jogo, os eleitos, dão aquele chute no(...) do povo. Mas não se preocupa não, daqui a dois anos tem outro torneio e o povo está lá esperando, pois desse jogo o povo sabe muito bem a regras e prefere sempre ser a bola".


Passada a corrida  eleitoral os  times perdedores não aceitam a derrota nas urnas e aplicam  toda a sorte de estratégias e as brigas pelo poder continuam no âmbito judicial fazendo com que os tribunais desperdicem tempos  preciosos  para apreciar as  mais variadas e vagas  denúncias,   mesmo que tenham que envolver famílias   nestes  escândalos  usando até momentos de dor  pela  perda de um  familiar  com fins  políticos. 


terça-feira, 16 de abril de 2013

O Zé e a novela da vida real

Autor desconhecido

Prezado Luís,

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra, né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão. Por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo? Era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra ca­sa, já eram onze e meia da noite e, com a caminhada até em casa, quando eu ia dormir já era mais de meia-noite. De madrugada pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu vivia com so­no. 


Estou pensando em mudar para viver aí na cidade, que nem vocês. Não que seja ruim o sítio. Aqui é muito bom. Muito mato, passarinho, ar puro. Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. Estou vendo todo mundo falar que nós da agricultura estamos destruindo o meio ambiente.


Veja só. O sítio do vô, que foi do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em ca­sa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro de uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança. Então vejo televisão na praça da igreja. Então vejo televisão na praça da igreja.

Fotos de Henrique · Linha do tempo de Henrique

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou, deve ser verdade, né Luís?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né), contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou.

Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família.

Mas vieram umas pessoas aqui, do Sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana, aí não param de fazer leite.

Ô, os bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encompridar uma cama, só comprando outra, né Luis?

O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele.
Bom Luís, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos Sindicatos, pelos fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra Delegacia, bateram nele e não apareceu nem Sindicato, nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu, eu e Marina (lembra dela, né? Casei) tiramos o leite às 5 e meia, aí eu levo o leite de carroça até a beira da estrada, onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros.
Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor.
Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos, as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas.
O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não vai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luís, aí quando vocês sujam o rio também pagam multa grande, né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados.
As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios aí da cidade.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luís? Quem será?
Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora! Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da Capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vir fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar.
Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo, aí eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto!
No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foram os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado, Luís, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, aí tem luz, carro, comida, rio limpo.
Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar aí com vocês, Luís. Mas fique tranquilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Aí é bom que vocês é só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem plantar, nem cuidar de galinha, nem porco, nem vaca, é só abrir a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis.
Ah, desculpe, Luís, não pude mandar a carta com papel reciclado, pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)