quarta-feira, 23 de maio de 2012

Uma comissão que deveria investigar a fundo as espúrias relações envolvendo exploradores de jogos ilegais, políticos e empresários

CPMI, torpedos e pizzas   tem tudo para acabar mesmo em uma grande pizza

A mensagem via celular enviada pelo deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) mostra de forma transparente o destino que parece estar inexoravelmente reservado para a CPM

Uma comissão que deveria investigar a fundo as espúrias relações envolvendo  exploradores de jogos ilegais, políticos e empresários

I do Cachoeira. Em trecho do torpedo flagrado por um cinegrafista, Vaccarezza, ex-líder do governo, afirma: “Não se preocupe. Você é nosso e nós somos teu (sic)”.

SBT flagra mensagem de Vaccarezza para governador do Rio (1:58)  
 
http://www.youtube.com/watch?v=ldlruWnMJyI 

O texto, que está mais para uma confidência romântica, procura tranquilizar Cabral, ameaçado de convocação para explicar suas estranhas relações com gente próxima de Carlinhos Cachoeira, misto de empresário e contraventor.
E não era mesmo para o governador do Rio se preocupar, uma vez que os integrantes da CPMI decidiram não convocar nenhum chefe de Executivo ou parlamentar sob suspeita, que ficam também a salvo da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Além de Cabral, se safaram de dar explicações os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF). Igualmente acabou beneficiado pela manobra o empresário Fernando Cavendish, da empreiteira Delta, beneficiário de bilhões em contratos com governos estaduais e federal e suspeito de envolvimento direto com o contraventor.
A decisão, que seria resultado de um acordo costurado entre os caciques dos partidos do governo com parte da oposição, limita as investigações em torno dos negócios mal-explicados de Cachoeira à raia miúda.

Ou, como bem disse a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), à convocação dos bagrinhos da história, deixando os importantes de fora.

CPI poupa políticos e empreiteira e decide limitar investigação


http://www.dpf.gov.br/agencia/pf-na-midia/jornal/cpi-poupa-politicos-e-empreiteira-e-decide-limitar-investigacao

Com isso, ficam praticamente sepultadas as chances de a comissão efetuar uma apuração mais abrangente e isenta, limitando o seu foco apenas ao grupo de Cachoeira e ao que já foi levantado pela Polícia Federal em outras operações.

Acordo selado pelo PT com o incentivo do Planalto engaveta pedidos para convocar três governadores
Representantes do governo dizem que objetivo não é fazer devassa; parlamentares da oposição reclamam.


Convenientemente ficam de fora principalmente os detentores de mandatos públicos que se locupletaram com as benesses propiciadas pelo contraventor.
Por tudo que se viu nesse início de trabalhos, uma CPMI que deveria investigar a fundo as espúrias relações envolvendo exploradores de jogos ilegais, políticos e empresários tem tudo para acabar mesmo em uma grande pizza.

Mais uma de tantas que já foram para o forno do Congresso com molho e tempero previamente definidos: não chegar a nenhum resultado efetivamente prático.

Esse desenlace frustrante é o que se desenha neste início de trabalhos, mesmo sem o depoimento do principal envolvido, o próprio Carlinhos Cachoeira, que por ora está desobrigado de falar à comissão em razão de liminar obtida no Supremo Tribunal Federal.
Pivô dos escândalos, o bicheiro sem dúvida tem muito a contar sobre a influência exercida perante a pelo menos três governadores, senadores, deputados e empresários.

Toda a trama, levantada através de duas investigações da Polícia Federal, mostra graves indícios de falcatruas e relacionamentos promíscuos que não deveriam ser varridos para debaixo do tapete como parece ser a intenção da CPMI.

Pelas proporções do escândalo Cachoeira, punir apenas os personagens secundários para preservar os caciques será mais um golpe contra a ética cada vez menos presente na política brasileira.

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