Uma análise sobre o Sistema Nacional de Políticas de Saúde I
Prof Dr. Luiz Manoel da Silva
A maior dificuldade não é a falta de recursos financeiros mas sim a falta de vontade política que desarticula toda a hierarquia social e faz que o administrador use o sistema e o povo como se fosse um mendigo da saúde pública e tenha que viver com o chapéu nas mãos pedindo esmolas.
Essas concepções de políticas públicas de saúde tem levado á conseqüências terríveis e atentado contra a saúde pública com a perpetuação de filas nos postos de saúde.
Vez por outra um escândalo na imprensa mobiliza familiares de vitimas e defensores do sistema público e poucas vezes isto vai parar nos tribunais que já estão vivendo um tsunami de questões judiciais. Se o sistema de saúde pública funcionasse bem não haveria necessidade da judicializacão das diferentes questões que surgem ao longo do tempo.
O modelo de gestão empregado é um desastre. Existem governantes forçando a barra ao extremo para privatizar a gestão do sistema e entregá-lo para OSs dirigidas por amigos cabos eleitorais.
É preciso sim abandonar vícios do passado com paradigmas inválidos para torná-lo um sistema eficiente e eficaz. Entregar o sistema público de saúde nas mãos privado beira a demência total. Afirmamos isso com base nas mentiras que ouvimos em época de campanha quando os candidatos dizem que vão tratar a saúde do povo como prioridade.
Quando lá chegam a primeira coisa que fazem é colocar um parente ou amigo num gabinete e dizer: Agora quem manda aqui é você. Você é o chefe. O que você fizer está bem feito. E para que a anarquia seja completa o apaniguado não entende nada de gestão de saúde ou de pessoal.
E quando se trata de consultas, raras vezes o contribuinte paciente tem contato com o médico. O médico fica isolado, como numa redoma de vidro onde só a enfermeira que faz a triagem tem acesso e levas anotadas algumas suspeitas de sintomas. Dificilmente o profissional fará um diagnostico impreciso sem contatar, sem tocar o paciente.
Isto é falha do médico? Não acredito que seja falha do médico, mas sim do sistema de gestão empregado onde se limitam a um determinado número, de fichas os atendimentos. Se o número de fichas é limitado o profissional não tem outra alternativa que acaba se tornando um hábito.
Um pesadelo na vida de quem busca o sistema público de saúde são as filas para apanhar as senhas. Isto faz com que os que procuram o sistema público sejam obrigados a enfrentar filas nas madrugadas. Isto se dá por conta da centralização de recursos, tanto na esfera, federal, estadual e municipal. A resposta é sempre é sempre a mesma, não temos recursos. Vez por outra vem um promessa de recursos via cabos eleitorais. Mentiras e mais mentiras vão nascendo neste mar de insanidade. Uma promessa de mais verbas, de construção de novo hospital e ou projetos mirabolantes.
O atual modelo de políticas públicas é o que move o financiamento de campanhas, basta ver as altas somas destinadas por laboratórios e indústrias de medicamentos.
Não existe transparência nas saúde, ninguém quer saber de controle interno. Existe um confusão entre gastos com assistência médica e medicação efetivamente, com pinturas ou manutenção de prédios.
Esta confusão no sistema de gestão seria menor se os conselhos de saúde fossem constituídos sem a interferência do executivo que lá coloca pessoal de sua confiança. Efetivamente o Conselho de Saúde não representa e defende interesses do povo.
Os Conselhos de Saúde nunca debatem sobre o abismo existente entre o SUS Legal e SUS Real. Nunca discutem a situação da valorização dos profissionais de saúde e sobre a situação daqueles que são obrigados a fazer bicos. Nunca ouvi dizer que um Conselho de Saúde tivesse dado uma sugestão de melhores condições de trabalho aos profissionais.
Vamos a um exemplo de um tema grave: o profissional que só recebe a informação da pessoa que fez a triagem não tem como ou nunca vai encontrar casos de Toxoplasmose. Se não tem contato com o paciente existe condições idéias para diagnósticos? E outras doenças como DST, tuberculose, pneumonia, etc. e o teste do pezinho em crianças? Toxoplasmose em gestante, infecções subclinicas tardias. Estes sao alguns poucos casos que nos remetem a um contexto maior.
Pergunta-se: como é feita a composição de conselhos? Estariam os conselheiros lá para sugerir e propor medidas ou engolir tudo que vem dentro do pacote dos executivos?
Por que alguns presidentes de Conselhos de Saúde são subservientes? Qual a motivação?
Estas políticas de saúde são da esfera federal, estadual e municipal, ainda assim o principio da universalidade não alcança a todos. Existem projetos mirabolantes que só constam os altos valores gastos, e as coisas simples são relegadas a segundo plano.
O principio da universalidade da saúde esta na Constituição Federal de 1988.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
O SUS avançou, mas não contempla aqueles que morrem nas filas. A anarquia nos Sistema de Saúde é tão grande que criaram uma figura um tanto capenga. No sucateamento dos Conselhos de Saúde criaram um decreto que exige ficha limpa para conselheiros, enquanto o gestor não é preciso.
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